MOÇAMBIQUE 365

As maravilhas do WordPress permitem estas coisas, escrever um post e agenda-lo para ser publicado noutra altura. E é isso mesmo que fiz! Neste momento devo estar a embarcar no voo da TAP em direcção a Lisboa. E neste momento estou a publicar o meu último post em Moçambique.

Um ano passou e impõe-se um post em jeito de despedida.

E que ano este… 🙂

À minha chegada tinha um país por explorar. O que se aprende nos livros e se vê em fotografias apenas serve de background teórico: a realidade é bastante diferente! As pessoas, a gastronomia, as paisagens, o cheiro… tudo novas experiências que embriagam quem para aqui vem de espírito totalmente aberto ao desconhecido.

Ainda me lembro de pensar que Moçambique nunca esteve nos meus planos. Nunca! Tal como digo num dos meus primeiros posts, este país era, para mim, mais um entre muitos que existem no Continente Negro. Não podia estar mais errado! É tão difícil descrever o fascínio deste país. É pobre, é certo, tem muitas dificuldades, é certo, cria muitas chatices, também é verdade! Mas, lá no fundo há algo que só cá quem vem pode experimentar. Um cocktail de história, gentes e culturas de  sabor ímpar!

Esta última semana foi passada a pensar que tudo o que fazia era “a última vez“! É uma sensação estranhar pensar assim. Quase que me atrevo a dizer que no meu subconsciente algo previa que este era de facto um “último adeus” (quem sabe definitivo)  a muita coisa. Será que volto cá?

Não sei porquê, mas esta semana o tempo esteve tão agradável! Os dias já não são de um calor sufocante.  À noite, uma brisa suave e morna tocava a pele afastando os tão indesejados mosquitos. Por duas noites tive a oportunidade de jantar ao ar livre junto à barragem de Macarretane. Aqui, além dos sons habituais da bicharada, a Natureza presenteou-nos com um céu estrelado impossível de esquecer e de descrever e um desfilar constante de pequenos pirilampos pelo mato. Fantástico!

Tanta coisa que poderia dizer… ando há uma semana a pensar no que escrever. Todos os dias tenho uma versão nova! Mas, quando foi preciso escrever este texto não me saia nada…

Levo comigo uma bagagem quase vazia de roupa, mas recheada de lembranças inesquecíveis: umas boas, umas muito boas, outras más.

Moçambique é assim, é preciso amar!

Muitos acabam por abandonar o barco e perdem a essência desta jovem nação. Um Estado em construção onde eu fui uma pequena peça de um puzzle chamado Moçambique. Agora saio, mas outros virão para preencher o meu espaço. Da mesma forma que aprendi, deixei também uma marca aqui. Eu estive cá! Eu ajudei!

A minha aventura em Moçambique foi recheada de peripécias que vou para sempre recordar: do bacalhau roubado na noite de Natal às sucessivas avarias no carro, das visitas ao Kruger às noites de fim-de-semana em Maputo, passando pela inacreditável forma de condução à lá moçambicana e pelo calor infernal de África… são tudo histórias que irei para sempre recordar. Esquecer o menos bom e focar-me apenas nas boas memórias, nas risadas, nas amizades que fiz e nas experiências únicas que tive!

E por entre sol e chuva, frio e calor lá se passou um ano.  Estou de regresso a Portugal. As saudades são já muitas… mas tenho a certeza que África, e Moçambique em especial, ficarão para sempre dentro do meu coração!

E para terminar, um “obrigado”! Obrigado a todos com os quais me cruzei nesta viagem.

Um abraço,

Alberto Chaves

Imagem do dia #163

Chegou a altura de dizer: Adeus Chókwè! 😐

Imagem do dia #162

Inhambane, capital da Provínica homónima, é detentora de um património histórico muito bem preservado. Uma autentica cidade museu. Na imagem, um exemplar de uma habitação de traça indiana.

Inhambane, a Terra da boa Gente!

O Benfica!

Sabiam que o Benfica é o clube Português com mais adeptos em Moçambique?!

Imagem do dia #161

Adeus Casa!

Imagem do dia #160

São 23.17h em Chókwè.

Estou neste momento a fazer as malas. Já falta pouco para partir e amanha terei de deixar esta casa.

Quando vim para aqui colei numa das paredes da sala 19 fotografias a preto e branco. Momentos e pessoas de quem gosto e que ficaram no outro lado do mundo.

Estou a escrever e essas mesmas fotos estão atrás de mim. Vão ser a última coisa a tirar cá de casa…

Imagem do dia #159

 Panorâmica da Avenida do Trabalho em Chókwè. Acho que deviam mudar o nome à rua…

Imagem do dia #158

Atravessando o Limpopo entre Guijá e Chókwè, esta ponte, da responsabilidade da Teixeira Duarte, re-ligou estas duas populações. Há dois anos atrás, altura da inauguração da ponte sobre o Rio Limpopo, a travessia era feita com recurso a um pequeno barco. Na época seca (Inverno austral), o caudal do rio baixava consideravelmente permitindo que automóveis 4×4 o atravessassem.

Imagem do dia #157

Esta é a rua da Rita! Digo rua da Rita porque esta rua não tem qualquer outro nome! É a rua onde a Rita mora!

O sol queima o pó que os carros levantam ao passar. Poeirenta, como o resto do Chókwè, a rua é ladeada de casas de caniço, de palmeiras, bananeiras e acácias.

Imagem do dia #156

Em Moçambique existe um punhado de nomes de personalidades ou factos que dão nome a ruas e avenidas em todas as localidades do país.

Av. de Moçambique, Av. 24 de Junho (dia das nacionalizações), Av. 25 de Setembro (início da guerra de independência), Av. do Trabalho e Av. Eduardo Mondlane.

Esta última costuma ser a grande avenida de cada localidade. E em Chókwè não é excepção. A Av. Eduardo Mondlane é a principal e maior avenida da segunda maior cidade da Província de Gaza.

Eduardo Mondlane nasceu em Gaza e morreu em Dar es Salaam, Tanzânia, em 1969, vítima de uma encomenda-bomba. Alguns historiadores avançam que a morte deste destacado líder político, sério defensor da independência de Moçambique, foi da responsabilidade da PIDE.

Mondlane era um homem letrado, professor universitário nos EUA, e tendo, também, trabalhado junto das Nações Unidas. Aqui efectuou trabalhos de pesquisa sobre as independências e o fim dos Estados Coloniais em toda a África. O Governo Português da altura aliciou Mondlane a colaborar directamente com o regime colonial, mas este recusou sempre. Eduardo Mondlane foi o fundador da FRELIMO, a Frente de Libertação de Moçambique, partido que, depois de muitas mudanças, se encontra no poder desde 1975.

Morreu sem ter visto o seu sonho realizado: Moçambique como Estado livre e independente.


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