Superou as minhas expectativas! É o mínimo que posso dizer!
No fim-de-semana passado fui à África do Sul. Como o tempo era curto decidimos não visitar o Kruger Park, o grande santuário dos Big 5 (leão, elefante, búfalo, rinoceronte e leopardo). A visita, a convite do Aldo e da Andrea, levou-nos para lá da capital da Província de Mpumalanga, Nielspruit.
Perdemos duas horas preciosas em Ressano Garcia, a principal fronteira entre Moçambique e a África do Sul. É o papelinho para o carro, é o papelinho para as pessoas, são as filas intermináveis para carimbar o passaporte… enfim, lá passamos a fronteira a passo muito lento para depois esperarmos mais uma hora já no lado dos bóeres (a forma carinhosa como os moçambicanos apelidam os sul africanos!) por um selo e um carimbo que nos permitia “viver” no país! Livre circulação europeia, nunca senti tanto a vossa falta! 😉
Welcome to Zuid Africa!
As diferenças, abismais pelos vistos, começam logo no posto fronteiriço. O edifício da alfândega, o pessoal de serviço, a limpeza… enfim, um sem número de coisas que salta logo à vista! Infelizmente, neste campo a África do Sul começa logo a marcar muitos pontos.
Maior surpresa chegou logo de seguida! O terreno… montanhas, muitas árvores, muitos pinheiros, à mistura com bananeiras é certo, mas um aspecto muito clean, organizado e muito european style! A estrada com quilómetros de rectas deu lugar a um sinuoso percurso, com montanhas, rios e comboios a acompanhar o nosso tour. O destino era a cidade de Sabie, pouco mais de 250km para lá da fronteira. Mas, antes de chegarmos ao nosso destino, não podíamos deixar de gastar uns Rands na capital do consumo da região! Nielspruit! Esta cidade, com pouco mais de 200 mil habitantes, pareceu-me muitas vezes uma cidade californiana. As ruas, as casas, as lojas… tudo se assemelhava à América! É aqui que muitos moçambicanos vêm às compras. Há muitos centros comerciais e lojas para todos os gostos… para todos os gostos são, também, as decorações dos tais centros comerciais! Pavões a segurar tectos?! Eu e o Aldo chegamos a uma conclusão! “É demodé!” – só pode ser…
Lá continuamos a viagem até Sabie. Bem, e da Califórnia viajei até Trás-os-Montes! Montanhas e frio, pinheiros e desfiladeiros… o clima mudou e a vegetação e o terreno também!
Sabie é o ponto de partido para visitarmos um conjunto de belezas naturais que a tornam uma cidade turística. Além das cascatas de Berlim e de Lisboa (sim, Lisboa!!!!), há um enorme desfiladeiro! Para quem nunca viu o Grand Canion ao vivo aqui está uma boa alternativa! Vistas de tirarem a respiração! Lindo, bonito!
Mais uma vez deu para fazer a comparação entre Moçambique e a África do Sul, e o resultado dessa comparação é brutal. O Aldo, a Andrea e eu (os “3 Ases”, como nos chama a Anabela) ainda perdemos alguns bons minutos a discutir as razões de tanta diferença no grau de desenvolvimento das duas nações. Pode parecer fácil, mas há um conjunto enorme de factores que levaram a este desfasamento entre os dois países (e entre o resto de África e a África do Sul): o tipo de colonização, os colonizadores, as datas da independência, a população que ficou após essas datas… são muitos os factores que influenciam a dinâmica nestes países. Mas, uma coisa é certa, a África do Sul não é realmente África. É mais uma continuação da Europa e dos EUA. Não apenas pela presença de mais cidadãos de raça branca ou da influência do inglês ou do holandês na região, mas também pelo estilo de organização das cidades, das estradas, da sociedade ou, simplesmente, pela forma como somos atendidos numa loja.
Domingo à noite regressamos a Maputo. Passamos a fronteira e voltamos à vida normal deste país. Estradas com buracos (direi às vezes, buracos com bocados de alcatrão), água imprópria para consumo, mesmo a que nos chega pela canalização a casa, falhas constantes de electricidade e água (o que na realidade não acontece muito em Maputo… a mesma sorte já eu não tenho!), a velocidade de caracol do ADLS moçambicano, o estilo inconfundível de condução deste país…!
Como dizia no princípio deste post, a África do Sul surpreendeu! Superou as minhas expectativas, e acreditem que eu já tinha “em boa consideração” este país! De facto, percebi porque razão a FIFA atribuiu à África do Sul o Campeonato de Futebol do Mundo de 2010. Este país consegue organizar o evento! A febre do futebol está na rua! Não é um país do 1º Mundo, mas fica à frente de muitos em muitos aspectos!
Mas, nem tudo são rosas! Há também um “dark side” neste país! Vá, não vou falar disso neste post! A potência do continente africano, dizem por aí, anda a “colonizar” os países vizinhos…
Desenvolvimentos no próximo post!